Neste sentido Caminha inicia seu texto, contando-nos como fora sua viagem. A Partida se deu no dia nove de março de 1500, na manhã do dia 14 estavam entre as ilhas Canárias e no dia 22 na altura de Cabo Verde. No dia 23, o autor nos conta sobre o único acidente da empreitada, quando uma nau se perde sem nenhuma justificativa aparente para isso. Com um navio a menos a viagem prossegue. No dia 21 de abril, terça feira de páscoa, reconhecem-se sinais de terra. No dia seguinte avistam um monte e logo em seguida terra. Caminha nos conta que o capitão nomeou a terra como Terra de Vera Cruz? o monte, em virtude da proximidade da Páscoa, como Monte Pascual. Dia 23, navegaram para a dita terra. Neste momento se deu o primeiro contato entre nativos e portugueses. Eles não se entenderam e limitaram-se a trocar presentes.
Pero Vaz de Caminha faz então, uma atenciosa analise destes nativos, destacando os fatos que lhe chama a atenção, como a beleza, a nudez e a inocência destes homens. Estes mesmos comentários, sobretudo a respeito da nudez, serão repetidos diversas vezes ao longo da carta. Caminha também fala várias vezes da necessidade de catequizar estes homens, que ele julga ser puro e pronto para receber a fé católica. Ele acredita que os nativos não têm nenhuma outra crença. No dia 24, os navios menores entram em um abrigo natural, fazendo-o de porto. Cabral o chama de Porto Seguro. É neste dia ainda que ocorre um dos fatos mais conhecidos do descobrimento: Um casal indígena é convidado a subir a nau portuguesa e lá chegando, apontam em direção a um colar de ouro e a um castiçal de prata, apontando em seguida a terra. Esses movimentos foram interpretados por Caminha como sendo indicativo da presença de ouro e prata naquela terra.
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No dia 1º é celebrada uma segunda missa. Desta vez, além da missa foi colocado junto a uma árvore a tal cruz de madeira. Os portugueses, a mando de Cabral, se ajoelham e beijaram a cruz. Com isso queriam mostrar aos índios a dedicação e submissão que tinham para com aquele ícone da religião católica. No dia seguinte partiram, deixando pra trás, além da cruz, dois homens condenados à morte com a missão de entender as línguas e costumes daquela região. Caminha encerra seu discurso fazendo um apelo pessoal ao rei, para que ele interceda junto a seu genro, Jorge de Osório, que se encontrava preso na ilha de São Tomé.
A carta de Pero Vaz de Caminha é de um valor histórico incalculável! É com ela que hoje podemos saber uma série de elementos sobre a situação do Brasil a época do descobrimento, como é o caso do comportamento dos índios. A simpatia inegável que Caminha revela pelos primeiros habitantes de nossa terra permite-nos vê-lo como um exemplo do humanista da época, intelectualmente curioso e tolerante com os costumes diferentes dos seus. Seu senso de observação e sua capacidade de narrar também não são menos digno de elogios. Caminha é tão honesto na observação dos fatos, que relata na carta, as dúvidas que porventura tenha tido. Enfim é um texto de imprescindível leitura para aqueleque queira entender o descobrimento do Brasil.
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